Como iniciativa de emancipação do movimento, a partir dos resultados alcançados pelos diferentes projetos e do engajamento dos produtores envolvidos ao longo de cinco anos de trabalho, foi lançado o INSTITUTO AGROAMBIENTAL ARAGUAIA – que se encarregará por sua operação.
Saiba mais sobre o Instituto nas palavras de José Carlos Pedreira de Freitas – membro emérito da LIGA DO ARAGUAIA.
O Instituto Agroambiental reforça sinergias entre as Dimensões Produtiva e Ambiental no Brasil
“Conectar a dimensão ambiental e produtiva é a mais nobre missão do Instituto Agroambiental Araguaia”. Estas palavras sintetizam o propósito da criação pela Liga do Araguaia do Instituto, ocorrido no final de abril, dia 29, em evento virtual com a participação do ex-ministro e indicado ao Prêmio Nobel da Paz, Alysson Paolinelli, o escritor Jorge Caldeira e o pecuarista Caio Penido.
As aspas acima foram ditas por José Carlos Pedreira de Freitas, coordenador executivo do Instituto que, em sua interlocução, decretou a falência da cisão entre as dimensões produtiva e ambiental do Agro brasileiro. “Elas não estão separadas. Elas estão absolutamente conectadas, numa permanente sinergia entre a área de produção e os serviços prestados pela área de preservação”, sinalizou o coordenador. Enfatizou que o Instituto Agroambiental Araguaia nasce como porta-voz do Movimento Agroambiental para a sociedade em geral, além de ser o braço administrativo da Liga do Araguaia, movimento de pecuaristas que há cinco anos incentiva a pecuária sustentável no Estado do Mato Grosso.
Caio Penido, pecuarista e um dos fundadores do Instituto, ao abrir o evento, lembrou a importância de uma agenda positiva comum baseada no Código Florestal e na realidade de que o Brasil tem mais de 60% de sua vegetação nativa preservada, grande parte dentro das fazendas. “Eu acredito em uma conservação remunerada aliada a uma produção sustentável, pois nosso produto carrega essa biodiversidade”, afirma Penido que pretende reunir todos pelo orgulho da produção de alimentos com conservação.
Há trilhões à nossa espera
Com uma visão privilegiada da história do desenvolvimento brasileiro, o escritor Jorge Caldeira disse que “o Brasil está à beira de uma oportunidade igual à época da descoberta do ouro”, referindo-se à valorização de seus ativos ambientais.
Sua tese está embasada na nova realidade mundial em que “nove das dez maiores economias do mundo colocaram o carbono neutro no norte de seu planejamento estratégico”. E, segundo ele, o Brasil é o maior instrumento de captura de carbono do planeta, fonte de receita por prestação de serviços ecossistêmicos. Lembrou ainda que no mundo atual, estão disponíveis US$ 70 trilhões, de capital privado, prontos para serem investidos em ESG (Ambiental, Social e Governança). “Estamos inaugurando uma nova era de potencial econômico para o Brasil e um caminho inexorável é transformar a própria natureza em valor econômico”, afirma, enfatizando que isso só será possível com a captura de carbono sistematizada.
A fala vai ao encontro da pauta do Instituto Agroambiental Araguaia, que defende instrumentos que fortaleçam o mercado de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), além de questões como aumento de produtividade com foco na gestão da produção e das boas práticas agropecuárias, com a redução de emissões de gases de efeito estufa e desenvolvimento regional.
Homenageado do evento, o ex-ministro Alysson Paulinelli, líder maior da revolução verificada nos últimos quarenta anos na agricultura tropical, afirmou que quer acompanhar a evolução do trabalho de cada fazenda do Vale do Araguaia. Disse que juntas elas representarão o que o Brasil quer oferecer ao mundo, ou seja, “alimentos produzidos de maneira sustentável, saudáveis e bons para toda a população mundial”, lembrando também as tecnologias utilizadas como a Integração Agricultura-Pecuária-Floresta, entre outras além da irrigação.
E, completou dizendo que “com o lançamento do Instituto, a Liga do Araguaia prova que quer evoluir e mostra para o mundo um trabalho organizado e a garantia que nossa produção provém de um sistema sustentável”.
Entenda o Instituto Ambiental Araguaia
A Liga do Araguaia é um movimento de pecuaristas do médio Vale do Araguaia mato-grossense que fomenta a conscientização e adoção de práticas de pecuária sustentável na região e o Instituto Agroambiental Araguaia é seu braço de operações e porta-voz junto à opinião pública.
O novo Instituto será o grande responsável pela difusão da abordagem agroambientalista em nosso modelo de desenvolvimento, além de responder pela operação e administração da própria Liga do Araguaia. Entra as empresas apoiadoras da iniciativa estão Elanco, Friboi, Sumitomo Chemical e Zooflora, que escolheram patrocinar esta iniciativa.
Em todas suas iniciativas, a pluralidade é uma marca do movimento Liga do Araguaia, tanto que o grupo responsável pela fundação do Instituto Agroambiental Araguaia é constituído por dez pecuaristas que atuam na região.
São eles Alexandre de Cico Annicchino (Fazenda Água Preta), Braz Custódio Peres Filho (Fazenda Sucuri), Caio Penido Dalla Vecchia (Agropecuária Água Viva), Carlos Roberto Della Liberal (Fazenda Paraná), Carmen Maria Bruder da Fonseca (Fazenda Entrerios), Frederico Simioni (Macucão Agropecuária), José Ricardo Lemos Rezek (Agropecuária Rica), Mario Buri (San Carlo Agropecuária), Raul Almeida Moraes Neto (Fazenda Santa Rita) e Pelerson Penido Dalla Vecchia (Agropecuária Roncador).
Ao grupo inicial de fundadores se agregarão membros plenos e efetivos participantes do movimento Liga do Araguaia, que conta atualmente com 62 fazendas participantes dos seis projetos em andamento ou finalizados pela Liga.
SAIBA COMO FOI EVENTO DE LANÇAMENTO DO INSTITUTO
CONHEÇA A ATUAÇÃO E OS MEMBROS FUNDADORES
MEMBROS FUNDADORES
Alexandre de Cico Annicchino
Agropecuária Água Preta, em Cocalinho (MT). Pecuarista desde 1992, faz ciclo completo e gado cruzado com a raça Rubia galega. A fazenda é uma das fornecedoras de bovinos para a rede Pão de Açúcar.
“Nós temos o privilégio de fazer parte da pecuária no vale do Araguaia, região que além de ser conhecida por suas belezas, tem índices altos de produtividade aliando o respeito ao meio ambiente. São desenvolvidas atividades que estão em linha com a agenda global por melhores práticas, tanto sociais quanto ambientais. Temos orgulho de manter mais de 50% do território da fazenda como reserva, além de possuir uma das grutas mais bonitas do Brasil, mostrando que é possível integrar todo esse ambiente, de forma que a produção e a conservação andem juntas”.
Braz Custódio Peres Filho
Agropecuária Sucuri, em Novo São Joaquim (MT). É pecuarista desde 1999. Faz ciclo completo e melhoramento genético, com início de projeto de ILP (integração lavoura-pecuária).
“Fazer parte do desenvolvimento do Araguaia, lapidando um modelo de pecuária rentável, produtiva e sustentável, é ao mesmo tempo um desafio e um prazer enormes”.
Caio Penido
Agropecuária Água Viva, em Cocalinho (MT). Faz cria, recria, engorda e integração com a agricultura. Desde criança, acompanhava o avô, Pelerson Penido, nas fazendas em São Paulo e depois em Mato Grosso. O sonho era crescer e virar vaqueiro.
“Antigamente conhecido como o vale dos esquecidos, hoje é o vale do progresso e do desenvolvimento sustentável. Meu pedaço de chão, minha fazenda inteira, é um corredor ecológico onde coexistem produção e conservação”.
Carlos Roberto Della Libera
Fazenda Paraná, em Barra do Garças (MT). Desde 1995, o produtor se dedica ao ciclo completo, com cria, recria e engorda, e também ao melhoramento animal. A propriedade faz ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta), mais suinocultura orgânica, apicultura orgânica e criação de muares.
“Araguaia, na Serra do Roncador: aqui é o meu lugar para preservar e produzir com felicidade”.
Carmen Bruder
Fazenda EntreRios, em Cocalinho (MT). Pecuarista desde 2013, faz cria intensiva, com investimento em genética, adubação de pastagens, suplementação alimentar e manejo. Também recria fêmeas.
“Como quem gosta do que faz não trabalha, se diverte, na EntreRios nos divertimos de sol a sol. O trabalho é com muito afeto, refrescado pelo frescor dos imensos mananciais de água boa e presenteados com as esplêndidas belezas naturais do maravilhoso Vale do Araguaia, que nos dá o sustento com sustentabilidade”.
Frederico Simioni
Fazenda Fortaleza, em Barra do Garças (MT). A criação começou em 1969. Sob a marca Nelore Simioni, faz ciclo completo (cria, recria e engorda) e melhoramento genético da raça, com foco em características como marmoreio, carcaça e área de olho de lombo. Deu continuidade ao trabalho iniciado pelo avô, Achilles Simioni, um dos produtores mais respeitados na história da formação da raça nelore no país.
“Significa produzir, aliando tecnologia e conservação. Com foco em animais adaptados e superprodutivos, avaliação genética e rigor de seleção, acreditamos que podemos fazer o melhor para a pecuária brasileira, mantendo sempre, também, o cuidado com a preservação para favorecer a biodiversidade do planeta”.
José Ricardo Lemos Rezek
Agropecuária Rica, Querência ( MT). Na pecuária desde 1985, faz ciclo completo (cria, recria, engorda), trabalha com melhoramento genético e ILP (integração lavoura-pecuária). Na agricultura, a soja é a principal cultura e conta com armazenagem própria. Também é representante da marca John Deere, com seis lojas de máquinas agrícolas em Mato Grosso.
“O Araguaia está ligado à história da nossa empresa e ao início das atividades da família. Meu pai diz que é o local onde todos os nossos valores afloraram e se aperfeiçoaram. É onde concentramos e pretendemos aumentar os nossos investimentos, nas fazendas e em outros empreendimentos e nas questões sociais”.
Mario Buri
Fazenda São Carlos, em Barra do Garças (MT). Perito agrícola, doutor em ciências econômicas e engenheiro mecânico e industrial, o italiano nascido em Collegno, na província de Turim, adotou o Brasil como sua casa em 2004. Considera-se um pecuarista de nascença, o que lhe rendeu o título de cidadão mato-grossense. Faz ciclo completo, cruzando gado nelore com piemontês e aberdeen angus, com todas as fêmeas no programa de IATF (inseminação artificial em tempo fixo).
“O que significa estar e fazer pecuária no Araguaia? Foram decisões casuais da vida”.
Pelerson Penido Dalla Vecchia
Agropecuária Roncador, em Querência (MT). Produtor rural há 32 anos, faz pecuária regenerativa de ciclo completo integrada à agricultura de alta tecnologia no cultivo de soja e milho. Toda a área produtiva da fazenda está no sistema ILP (integração lavoura-pecuária)
“Construímos um sistema produtivo equilibrado e eficiente que, além de resultados econômicos melhores, está deixando a terra cada vez melhor. Isso nos dá uma sensação de que estamos na direção certa na nossa atuação como gestores de terra e cuidadores do planeta”.
Raul Almeida Moraes Neto
Fazenda Santa Rita, no município de Torixoréu (MT). Engenheiro agrônomo que está na pecuária desde 2000. A propriedade faz ciclo completo (cria, recria e engorda) e se dedica a melhorar a genética da raça bovina araguaia.
“Estar no vale do Araguaia é um sonho. É uma oportunidade ímpar de provar que é possível desenvolver uma pecuária rentável, com sustentabilidade e respeito aos recursos naturais e humanos”.